A abelha tem de se mexer muito depressa para ficar parada
David Foster Wallace, Philip Seymour Hoffman, Larry David e Adrianne Lenker
Algumas coisas ficaram no ar na última edição da Segunda Braba:
1 - Quem era essa banda LA Guns que o Stephen Malkmus quis usar de nome em um disco do Jicks?
Era uma banda de rock pesado de Los Angeles que se fundiu com outra chamada Hollywood Rose e virou um tal de Guns n’ Roses.
2 - Por que o David Berman disse que os headbangers poderiam buscar vingança por 1992 e que Stephen Malkmus não estava longe da cena do crime?
Ele se refere ao período em que o rock alternativo, em especial o grunge, tomou o mainstream de artistas pop e metal farofa. Apesar de o Pavement ser uma banda menor, sem o tipo de sucesso de um Nirvana da vida, eles podem ser atrelados a esse tipo de música. O curioso é que Malkmus, Berman e Nastanovich estiveram em um show do Nirvana em 1990 e ficaram zoando a banda. O Bob fala sobre isso aqui. e você pode ouvir eles enchendo o saco Krist Novoselic.
3 - O David Berman já deu nome pra algum disco do Pavement?
Mais ou menos. Quando ele dividia casa com o Malkmus, ele fez um desenho tosco em um papel do Museu Whitney, onde eles trabalharam juntos como seguranças, e escreveu Slanted+Enchanted. O Malkmus estava terminando de gravar seu primeiro disco com seu outro amigo, o Spiral Stairs, e usou o nome.
Agora vamos para a falta de assunto do dia.
Eu comecei a ler aquele livro Breves entrevistas com homens hediondos, do David Foster Wallace, e, apesar de meu, o livro está todo grifado e com a orelha usada pra marcar as páginas. Quando você pega um livro emprestado, existe uma escala de vacilos que você não deveria cometer. Segue, do mais grave para o menos grave:
- Não devolver o livro
- Estragar o livro
- Dobrar páginas
- Usar a orelha pra marcar páginas
- Fazer anotações
- Grifar
Acho que livros grifados são enigmáticos, você fica imaginando por que a pessoa gostou daquela exata frase ou trecho. Não sei se você já percebeu, mas o kindle mostra os trechos mais grifados de cada livro. Eu fiquei pensando na possibilidade de reunir as pessoas que grifaram as mesmas partes e certa vez até bolei um conto em que o cara contratava hackers pra tentar descobrir o nome das pessoas que tinham grifado a mesma parte que ele tinha gostado. Enfim, acho que é uma informação pouco aproveitada.
Nesse livro específico do David Foster Wallace estava grifado “não dá para matar o tempo com o seu coração”, mas eu gostei muito mais da parte que diz “as abelhas têm de se mexer muito depressa para ficar paradas”.
Mudando de assunto.
Eu li recentemente um texto da irmã do Philip Seymour Hoffman, na Paris Review. Ela fala sobre como ela recortou fotos e matérias sobre o irmão que estavam na biblioteca pública porque ela não queria que essas imagens fossem para o lixo ou que virassem colagem de algum aluno do primeiro grau. É uma das coisas mais singelas e bonitas que eu vi nos últimos dias, e olha que eu passo boa parte do meu dia vendo vídeos de cachorrinhos fofos no Instagram.
Enfim, queria apenas cumprir com o compromisso de envio na segunda-feira e pedir que perdoem quaisquer erros e deslizes do texto porque estou digitando do celular no aeroporto. Por esse mesmo motivo (férias), pode ser que você não receba um texto novo na próxima semana, mas não devo ficar muito tempo longe.
Ps-você já reparou que toda vez que a maquininha do cartão dá problema, o atendente tem sempre uma maquininha mais possante guardada? Por que eles não usam essa maquininha melhor de cara? Jamais saberemos.