Brian Wilson: as coisas parecem mais bonitas na nossa cabeça
Criador do álbum "Pet sounds" era uma das figuras mais geniais e tristes da música
“Listening to what’s in your head, especially when you’re a person with anxiety, leads to negative emotions. But they’re also a form of imagination. If you can worry about problems when there aren’t problems around, then you can also think of stories and songs when there aren’t songs or stories around. You can make things go from existing to not existing.”
Brian Wilson
Nós perdemos na semana passada uma das figuras mais geniais, malucas e tristes da música. Desde então, eu tenho pensado no que escrever sobre Brian Wilson.
Aos 24 anos ele já tinha virado ídolo pop, feito o álbum que mudaria a forma de fazer gravações em estúdio (“Pet Sounds”), experimentado drogas, casado, tido filhos e pirado depois de não conseguir registrar os barulhos da cabeça dele.
São muitos os motivos citados para o colapso mental de Brian Wilson: a rivalidade com os Beatles e o lançamento de “Sgt. Peppers”, as drogas, as pressões para fazer um novo álbum, traumas causados pelo pai. Imagino que tudo isso contribuiu, mas o saldo no fim das contas foi o mítico disco “Smile” que ficou inacabado (ele desistiu do projeto em 1967).
Algumas músicas foram aproveitadas em outros projetos dos Beach Boys, que bem ou mal foram mantidos na estrada por Mike Love, primo dos irmãos Wilson tão odiado pelos fãs da banda.
A íntegra do álbum, entretanto, ficou inacabada até 2004, quando o próprio Wilson resolveu terminar o trabalho usando o que ele conseguiu transpor da cabeça para o gravador. Imagina a carga emocional colocada por um projeto que atormentou Brian por 37 anos.
O resultado é “Brian Wilson presents Smile”. A ordem das faixas foi usada para um lançamento de 2011 com as gravações originais disponíveis batizado de “The Smile Sessions”.
O “Pet Sounds” me ensinou a gostar de um tipo de música com letra triste e melodia alegre. É uma das minhas coisas preferidas. Brian Wilson poderia ter encerrado a carreira ali que já seria considerado um gênio. Ele fez outras coisas menos inspiradas enquanto mantinha “Smile” no fundo da cabeça, até criar coragem e lançar.
Acho que as coisas sempre parecem mais bonitas e interessantes na nossa cabeça.