Eu não pensei em nada nessa última semana, então, antes de começar meu bla bla bla sem sentido, informação importante. A Schlop vai fazer no próximo domingo o primeiro show do ano, no Redoma, junto com Os Fadas. Dá pra comprar ingresso antecipado mais barato aqui.
Agora vamos ao que não interessa. How to with John Wilson e Nathan for you são duas séries de comédia com um formato que eu não gosto muito, um tipo de manual que não ensina nada com uma voz mole e uma falação interminável. Esse é o espírito da newsletter de hoje. Pelo menos você não vai precisar ouvir minha voz mole.
Hoje eu acordei pensando no filme O pequeno Buda, do Bernardo Bertolucci. Uns monges tibetanos vão até Seattle para visitar um menino loirinho que pode ser a reencarnação de um líder espiritual budista, só que ele tem que viajar para o Butão para passar por um treinamento e testes para saber se ele realmente é a reencarnação, e outras duas crianças “disputam” a posição com ele. Fui pesquisar brevemente e é mais ou menos isso que acontece. Vou dar o exemplo do Dalai Lama que é o budista mais conhecido aqui pra gente.
Quando o Dalai Lama morre, os monges começam a procurar por crianças que tenham nascido nos anos seguintes que podem ser a reencarnação dele. Sonhos, a direção da fumaça na hora da cremação e um lago onde os religiosos vão para ter visões são os principais métodos investigativos dos budistas. Quando finalmente eles acham uma criança que pode ser essa reencarnação, eles mostram objetos para ver se ele reconhece quais pertenciam ao antigo Dalai Lama. Depois disso, eles começam a ser treinados para liderar espiritualmente (antes eles também governavam, mas o atual Dalai Lama pediu reformas e agora existe um primeiro-ministro eleito do Tibete, mesmo que o país seja ocupado pela China e tenha o governo no exílio) o povo tibetano. No filme 7 anos no Tibet mostra o pequeno Dalai Lama aprendendo mais sobre a vida e tendo a ajuda de ninguém menos que Brad Pitt em uma de suas encarnações mais bonitas. Três curiosidades (a terceira vai te irritar profundamente, mas não vai te surpreender): 1-na vida real jamais aconteceria de um Dalai Lama nascer em um país tão distante quanto os EUA. Aparentemente a alma não viaja tanto assim para encarnar no próximo corpo e o Dalai Lama sempre renasce perto de onde ele morreu; 2-o Dalai Lama pode meter o louco e decidir não reencarnar ou reencarnar em um mosquito; e 3-nunca houve uma Dalai Lama mulher.
E por que eu pensei nisso tudo? Porque eu estava pensando em oportunidades perdidas e imaginei 2 ou mais crianças disputando pra ver quem seria o líder espiritual de um povo. Um dos meninos sendo descartado e mais adiante, no ginásio ou no colegial, falando com os colegas na sala de aula: “Eu quase fui o Dalai Lama, mas na última rodada errei ao dizer que um tambor não pertencia ao antigo mestre. Vacilei”.
As dinâmicas de grupo e as entrevistas de emprego costumam ser bem aleatórias na hora de escolher um funcionário. O cargo de Dalai Lama talvez tenha uma dinâmica mais longa, mas não deixa de ser tão ou mais aleatória do que todas as coisas que as equipes de RH bolaram no mundo ocidental. É tipo aquele estagiário que precisa ter experiência e inglês fluente aos 17 anos. A reencarnação do Dalai Lama tem que ter algum tipo de sabedoria inerente, mas ao mesmo tempo ser uma criança de um ou dois anos. O mais louco é que agora a China quer escolher a próxima geração de líderes espirituais tibetanos. Mas se ele realmente for o outro reencarnado, como é que você vai escolher?
Falando em China, hoje, uma inteligência artificial chinesa causou no mercado de tecnologia dos EUA. Com apenas 6 milhões de dólares e uns chips capengas, depois que os americanos bloquearam a exportação de chips pra China, os caras fizeram um chatbot que nos EUA custaria centenas de milhões. Os investidores perceberam que talvez a IA possa ser um troço mais barato, e as ações das Big techs despencaram. Vários bilionários ficaram um pouco menos bilionários (mas ainda tão bilionários pra caralho).
O melhor disso tudo foi o meme dizendo que o ChatGPT perdeu o emprego pra uma inteligência artificial. Daqui uns dias as coisas devem voltar ao normal, mas é sempre bom ver bilionário perdendo dinheiro.
Que a sua semana seja tão iluminada quanto os monges budistas tibetanos.