Careca do INSS inspira um episódio de "Curb your enthusiasm"
O mundo vive uma série de crises, mas a única que eu estou disposto a levar a sério nesta semana é a de apelidos criados pela Polícia Federal
“Eu não gosto de viajar, mas também não gosto de ficar parado no mesmo lugar”
J. Mascis
Tenho tido uma certa resistência em usar inteligência artificial. Em primeiro lugar porque é uma tecnologia que ainda vai tirar o emprego de muita gente (potencialmente o meu), mas principalmente porque as IAs ainda não são muito eficientes. Se elas fossem humanas, alguém já teria inventado uma deficiência intelectual para descrever a lentidão delas em compreender comandos. Raramente os resultados entregues são satisfatórios de primeira.
Como elas são tecnologias totalmente revolucionárias, a gente passa pano - alguns por medo de elas ganharem uma guerra entre máquinas e humanos e nos submeterem a infinitas sessões de tortura. Tem gente que até fala obrigado, por favor e bom dia.
Deixando a ironia de lado, quem usa IA generativa cotidianamente sabe que a educação com a nova tecnologia é recomendada para melhorar os resultados. Especialistas sugerem tratar o robozinho como um amigo, mas quem aqui fala obrigado e por favor a cada troca verbal com o amigo?
O que mais me deixa indignado é que essa educação exagerada tem causado um gasto de energia desnecessário em um momento de apocalipse climático. Não acredita em mim? Veja o que disse o chefe da OpenAI, dona do ChatGPT.
“Eu imagino quanto dinheiro a OpenAI gastou em eletricidade com as pessoas dizendo por favor e obrigado para os modelos deles”, escreveu um tuiteiro.
“Dezenas de milhões de dólares bem gastos— nunca se sabe”, respondeu o CEO da OpenAI.
É triste, o mundo vai acabar com robozinhos e 7 bilionários tentando ir pra Marte.
Qual seria a reação de Larry David sobre o Careca do INSS?
O Brasil foi surpreendido nos últimos dias por um escândalo no INSS que pode ter desviado bilhões de reais de aposentados e pensionistas. Conforme a investigação vai avançando, os nomes dos principais personagens começam a aparecer.
Uma coisa que não sai da minha cabeça é a PF chamar o principal lobista do esquema de “Careca do INSS”. Pra que estereotipar o cara com um atributo físico que não tem nada a ver com o crime? Por que não chamar de “O poderoso chefão do INSS” ou o “Aliciador do INSS”?
Nós temos essa facilidade em dar apelidos até para os nossos criminosos, mas esse nome não é nem um pouco amedrontador e poderia muito bem virar uma marchinha de carnaval ou um episódio de “Curb your enthusiasm”.
Tive preguiça de escrever um episódio inteiro de “Curb” na unha, então pedi para uma inteligência artificial escrever pra mim. Claro que tive que pedir modificações e fazer alterações porque a IA é burra pra caralho, mas tá aí. Obrigado, IA.
Título: "O Careca do INSS"
Cena 1: Sala de estar de Larry
Larry está sentado no sofá, assistindo TV. Na tela, uma notícia sobre uma grande fraude no INSS. A repórter menciona que a Polícia Federal está investigando um lobista suspeito de pagar propinas, conhecido como "Careca do INSS".
Larry: (indignado) "Careca do INSS? Sério? Eles não podiam pensar em um nome melhor?"
Cena 2: Casa de Jeff
Larry visita seu amigo Jeff para desabafar. Jeff está na cozinha, preparando um lanche.
Larry: "Você viu a notícia sobre o INSS? Eles chamam o cara de 'Careca do INSS'. Isso é ridículo!"
Jeff: (rindo) "É, parece coisa de filme de comédia."
Larry: "Exatamente! Como eles esperam que alguém leve isso a sério? E por que focar no fato de ele ser careca? Eu sou careca! Isso é estereotipar!"
Cena 3: Restaurante
Larry e Jeff estão em um restaurante, conversando sobre a situação. Larry continua indignado.
Larry: "Eu não consigo parar de pensar nisso. É como se eles estivessem tentando transformar um escândalo em uma piada. E ainda por cima, focando em um atributo físico. Isso é ofensivo!"
Jeff: "Talvez seja uma estratégia para desviar a atenção."
Larry: "Ou talvez eles só sejam péssimos em escolher apelidos. Mas sério, por que 'careca'? Isso é tão estereotipado!"
Cena 4: Escritório da Polícia Federal
Larry decide ir até o escritório da Polícia Federal para expressar sua indignação. Ele encontra o agente responsável pelo caso.
Larry: "Desculpe, mas eu preciso falar sobre esse apelido. 'Careca do INSS'? Isso não faz sentido! E é ofensivo para nós, carecas!"
Agente: (confuso) "Senhor David, estamos focados na investigação, não nos apelidos."
Larry: "Mas o apelido é importante! Ele define a percepção pública do caso! E estereotipar alguém por ser careca é inaceitável!"
Cena 5: Sala de estar de Larry
Larry volta para casa, ainda frustrado. Ele liga a TV e vê outra notícia sobre o caso. Desta vez, o repórter usa um novo apelido: "O Gordinho do INSS".
Larry: (sorrindo) "Finalmente, um apelido que não é ofensivo."
A polêmica da Kneecap
A banda de hip-hop norte-irlandesa Kneecap causou polêmica ao chamar os ataques israelenses a Gaza de genocídio em pleno festival Coachella. Toda a essência da Kneecap é envolta em controvérsia. Eles misturam letras em inglês e irlandês e têm um discurso separatista e de união das duas Irlandas.
Durante um dos shows, um dos integrantes gritou que “o único Tory (partido conservador inglês e seus apoiadores) bom é um Tory morto” e sugeriu que a plateia matasse o parlamentar local. Depois eles pediram desculpas pelo excesso.
O curioso é que apesar do longo histórico de polêmicas, a Kneecap só começou a ser efetivamente perseguida agora que eles viraram o canhão retórico pra Israel. A polícia anti-terrorismo britânica está investigando eles por declarações de apoio ao Hamas e o Hezbollah durante uma apresentação. O governo pediu que eles fossem retirados do lineup do festival Glastonbury, na Inglaterra, e a Sharon, mulher do Ozzy Osbourne, pediu que o governo americano cancelasse o visto de trabalho deles depois do show no Coachella.
Pela música ou pelas posições, muita gente de calibre, entre eles Pulp, Massive Attack, Tom Morello, Brian Eno e Primal Scream, já declarou apoio aos irlandeses. Essa história deve ir longe ainda.